sexta-feira, setembro 15, 2006

Solidão é...

Uma onda sem espuma
O amargo de um beijo
Sem desejo de beijar
É pensar de olhos cerrados
Uma porta que se fecha
para não deixar entrar
Uma linha sem destino
Um calor que arrepia
Não ter força para lutar
Sentir-me aqui sózinho
Num coração que esvazia
o meu sangue por amar

Escrever o infinito
Dar vida a uma lárima
e depois vê-la morrer
Ler o que então ficou escrito
E ferir mais uma mágoa
Que nunca deixou de arder
Assobiar contra o vento
no dia mais cinzento
a que a Terra assistiu
É compor sem instrumento
E cantar desalmadamente
Sabendo que a solidão pariu.

Luis Cardina
Londres 2000